A mente no rastro da palavra

Quem viu Juciane Pacheco tão atenta a temática da Mesa de Conversa III, A palavra (des)alojada: literatura e psicanálise, não imaginava que a professora de literatura, de Várzea da Roça, distante 200 Km de Mucugê, veio de tão longe pra tentar entender um pouco da mente dos seus alunos.

“Bem interessante as colocações dos escritores e como trabalho na área vai me ajudar bastante em sala de aula, porque foram discussões muito pertinentes. Vou levar o que estou vendo aqui para minhas turmas. Pela segunda vez, saio da Fligê maravilhada”, afirmou.

Com a mediação da psicanalista Tânia Abreu, os escritores e psicanalistas Antônio Teixeira, Eduardo Lêdo e Marcelo Veras comentaram sobre alguns problemas de saúde mental mais comuns em nossa sociedade. Veras, por exemplo, disse existir uma diferença muito grande entre frustação e depressão, além de haver um abismo entre querer e desejar.

“A mesa foi fundamental para talvez tirar uma ideia de que a psicanálise é algo da elite ou escondido e mostrar que os psicanalistas arregaçam as mangas e vão pensar o mundo como está acontecendo, passando a ser escritores e leitores desse mundo”, declarou ele.

“Discutimos a psicanálise como fato de cultura, na sua relação com a literatura e essa foi uma ideia muito feliz da Fligê de demonstrar esse parentesco, interação e influência recíproca entre a psicanálise e a literatura”, destacou o psicanalista Eduardo Lêdo.

Antônio Teixeira fez questão de lembrar que a psicanálise pensa o feminino muito mais como uma posição do que uma determinação biológica, além de ter uma frequentação muito grande de autoras. “Talvez a psicanálise foi o primeiro lugar em que as mulheres tiveram interesse, participação e proeminência muito grande, por que ela é uma perspectiva essencialmente feminina”, acredita, fazendo questão de fazer esta relação com a temática da Fligê, que coloca a mulher como protagonista.

Texto: Joana Rocha | Fotos: Ailton Fernandes


Galeria de Fotos